A EKKLESIA DE ATOS E A IGREJA SISTÊMICA DOS NOSSOS DIAS
Reuniões Lideradas pela Igreja vs. Relacionamentos e Koinonia (Comunhão de Casa em Casa)
Por Josimar Salum
A identidade do Evangelho Religioso está fundamentada em reuniões formais lideradas pela liderança da igreja, controladas por programas, horários e personalidades. A reunião se torna uma apresentação — centrada em um púlpito, dirigida a partir de um palco e confinada a blocos de tempo. A comunhão é superficial, limitada a cumprimentos antes e depois do culto. Relacionamentos são secundários; a estrutura vem primeiro.
Você não se senta diante do seu irmão ou irmã, face a face, em amor, humildade e verdade. Em vez disso, você se senta voltado para frente, oferecendo apenas a nuca e a rigidez do seu pescoço. Não há contato visual, nem lágrimas compartilhadas, nem confissão, nem encorajamento mútuo — apenas espectadorismo, fileiras e distância.
Isso não é comunhão. Isso não é o Corpo. A postura do ajuntamento moderno reflete o sistema que ele serve: um palco em vez de uma mesa, desempenho em vez de participação, isolamento no meio da multidão. Oferecemos músicas a Deus, mas nos negamos uns aos outros.
Mas o Evangelho do Reino nos chama de volta à mesa — para vermos uns aos outros, conhecermos uns aos outros e andarmos na luz juntos. Nunca fomos chamados para sentar ombro a ombro em silêncio — fomos chamados para andar face a face, coração com coração, espírito com espírito, como uma família em Cristo.
Nesse modelo, a comunidade é substituída pela dinâmica de plateia. O mover do Espírito é frequentemente restringido por agendas humanas, e a participação é mínima. A vida do Corpo é canalizada para eventos previsíveis, e não para conexões genuínas ou cuidado mútuo.
O Evangelho do Reino restaura os relacionamentos e a koinonia — a comunhão gerada pelo Espírito entre os santos. A Ekklesia primitiva se reunia de casa em casa, partindo o pão, orando, se alegrando e carregando os fardos uns dos outros na vida real, cotidiana. Não era construída sobre reuniões, mas sobre vida compartilhada.
Koinonia significa mais do que interação social — é parceria profunda em Cristo, o entrelaçamento de vidas através do Espírito Santo. No Reino, a comunhão não é um acessório da fé — é central à sua expressão. Discipulado, correção, encorajamento, generosidade e amor acontecem nas salas de estar, nas mesas de jantar, nos caminhos — não apenas em edifícios.
O Reino se manifesta nos lares, nos bairros e nas interações do dia a dia — onde o Corpo funciona com poder, amor e unidade. A Igreja não é um serviço que você frequenta, mas uma família à qual você pertence.
“Partiam o pão de casa em casa e comiam com alegria e singeleza de coração.” (Atos 2:46)
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.” (Atos 2:42)
“Saudai também a igreja que está em sua casa.” (Romanos 16:5)
“Se andarmos na luz, como ele está na luz, temos comunhão (koinonia) uns com os outros…” (1 João 1:7)
“Confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados.” (Tiago 5:16)
“Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de nos reunir como igreja… mas encorajemo-nos uns aos outros.” (Hebreus 10:24–25)
“Se andarmos na luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros…” (1 João 1:7)
O QUE SIGNIFICA IGREJA SISTÊMICA DE NOSSOS DIAS?
A Igreja Sistêmica dos Nossos Dias é uma expressão crítica que se refere ao modelo institucional e estruturado da igreja contemporânea, marcado por elementos organizacionais, burocráticos e funcionais que muitas vezes distorcem ou sufocam a vida orgânica e relacional da Ekklesia bíblica.
Significado e Implicações:
1. Sistema acima do Corpo:
Refere-se a igrejas que operam mais como instituições geridas por estruturas hierárquicas, departamentos, programas e calendários, do que como um corpo vivo e interdependente de discípulos.
2. Gestão institucionalizada da fé:
A adoração, o ensino, a comunhão e até a missão são administrados por métodos padronizados, onde o foco está na manutenção da máquina organizacional (prédios, eventos, cargos, reputação e finanças), e não na manifestação do Reino de Deus em vida cotidiana.
3. Liderança centralizada e controle:
As decisões e o mover espiritual são frequentemente centralizados na figura de um pastor ou ministério ou conselho, deixando pouco espaço para o exercício livre dos dons do Espírito entre todos os membros, como era na Ekklesia de Atos.
4. Membros como consumidores:
A participação das pessoas se limita muitas vezes a “frequentar cultos”, “ouvir sermões” e “participar de ministérios”, transformando discípulos em consumidores espirituais passivos.
5. Desconexão com a vida real:
A igreja sistêmica tende a concentrar a vida cristã dentro de suas paredes e horários específicos, em vez de equipar os santos para viverem e influenciarem como o Reino em todos os lugares: lares, mercados, escolas, governo, cultura.
6. Substituição da comunhão por programação:
Em vez de relacionamentos autênticos, mutualidade e discipulado, o que existe é uma grade de atividades lideradas por uma minoria e assistidas pela maioria.
Em contraste:
A Ekklesia de Atos era um movimento vivo, relacional, descentralizado, conduzido pelo Espírito Santo, marcado por comunhão de casa em casa, mutualidade, discipulado real, serviço prático, e expressão do Reino em todas as esferas da vida.
#ASONE
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