20 janeiro 2022

“E SE EU ESTIVER ERRADO”? Roberto Carlos Fernandes

“E SE EU ESTIVER ERRADO”?

Roberto Carlos Fernandes

É famosa a frase, "ninguém nasce sabendo!" Isso faz alusão a todos os que cometem erros. Também a frase "o errar é humano, mas permanecer no erro é burrice" é bem aplicada quando pessoas, mesmo sendo alertadas, não mudam.

Um dos erros mais comuns cometidos por líderes é pensar que têm todas as respostas. Em aconselhamentos, além de passar informações erradas, não assumem os prejuízos que os aconselhados tiverem por acreditarem em seus conselhos. Jesus foi muito duro ao falar sobre isso quando mencionou sobre escândalos. Ele dizia: “Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e se submergisse na profundeza do mar”. – (Mateus 18:6).

Nunca nos esqueçamos a diferença entre Palavra de Deus, conselhos e opiniões. Palavra de Deus: Absoluta! Não podemos questioná-la. A verdade que deve ser recebida e obedecida. Como dizia Paulo, “diz o Senhor, não eu...”

Conselhos: Obviamente, devem ser baseados na Palavra de Deus. Porém, em termos de aplicação na vida os conselhos são relativos e podem ser aplicados de forma diferente em determinadas situações. Como dizia Paulo “Digo eu, não o Senhor...”

Opiniões: Nossas opiniões devem ser para somar, acrescentar e nunca dividir ou condenar quem pense de maneira contrária. Nossas opiniões não são necessariamente certas, nem devem ser impostas. Elas variam relativamente às pessoas, lugares, culturas etc.

Nunca nos esqueçamos que por detrás de uma função específica (apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres) há uma pessoa com defeitos e imperfeições. Esses homens, líderes, também erram. Também tem momentos difíceis e precisam de nossa paciência e misericórdia. Porém, se preciso for, devem ser confrontados pelos seus pares e corrigidos se necessário.

 Um outro erro muito frequente, são líderes solitários que trabalham sozinhos e carregam a responsabilidade de responder a todas as demandas da instituição. Homens solitários são perigosos para si mesmos, para sua família, para a Igreja e para a sociedade. Solidão é a graduação do individualismo e a premiação dos insensatos. Esses, muitas vezes começam bem sua trajetória, mas por estarem sozinhos, se perdem em suas elucubrações e acabam por cometer erros e, uma vez errados, escondem e vivem em trevas. “O solitário busca seu próprio interesse e rebela-se contra a verdadeira sabedoria”. - (Provérbios 18:1)

Ninguém melhor do que o apóstolo Judas para expressar homens dessa natureza. “Estes homens são como rochas submersas, em vossas festas de fraternidade, banqueteando-se juntos sem qualquer recato, pastores que a si mesmos se apascentam; nuvens sem água impelidas pelos ventos; árvores em plena estação dos frutos, destes desprovidas, duplamente mortas, desarraigadas; ondas bravias do mar, que espumam as suas próprias sujidades; estrelas errantes, para as quais tem sido guardada a negridão das trevas, para sempre”. – (Judas 1:12,13). Mas neste caso não são homens de Deus e com certeza estiveram enganando o tempo todo.

Um dos erros dos chamados "perfeccionistas" é nunca aceitar um erro. O erro para os que buscam a perfeição, é parte da jornada. Aprende-se mais com os erros do que com os acertos. Porém, nunca aceitar um erro ou pior, nunca aceitar que outros errem, faz com que a pessoa seja ansiosa, critica, frustrada, medrosa e aprisionada em suas “inaceitáveis" imperfeições.

Insistir em algo que deu errado, é estupidez. O erro precisa ser visto como experimento e não como obra acabada. Já a persistência é exatamente o uso dos erros em fazer a mesma coisa usando outros métodos, alternativas. Os erros fazem parte do processo. Não existe acerto sem erros!

Jesus disse aos saduceus, que não acreditavam em coisas espirituais, anjos ou demônios, ou coisas relativas ao céu ou ao inferno. Dizia Ele: "Errais, não conhecendo as escrituras nem o poder de Deus" – (Mateus 22:29). Na verdade, os conceitos dos saduceus nada tinham a ver com as Escrituras. E, por isso erravam. Já os fariseus, que acreditavam no oposto, tratavam de seguir a lei e os ensinamentos das Escrituras, porém sem reconhecer em Jesus a revelação da Escritura. Tanto os saduceus quanto os fariseus, foram emudecidos pelas respostas de Jesus. Jesus disse aos fariseus: “Vocês examinam as escrituras porque julgam ter nelas a vida eterna, mas elas falam de mim. Porém, vocês não querem vir a mim para terem a vida eterna”. – (João 5:39).

 E, para conosco pode ocorrer o mesmo. Não conhecer as Escrituras nem o poder de Deus, ou achar que conhecemos, mas não associarmos todo esse conhecimento com Jesus.

Porém, o maior de todos os erros é pensar que não existe consequências dos erros cometidos, quer por ignorância, quer por seguir conselhos errados, quer por decisões equivocadas, ou insistência em fazer a mesma coisa, sabendo que está errado. Para isso, há uma advertência muito, mas muito séria.

“Não vos enganeis... de Deus não se zomba, pois tudo o que o homem semear, isso também colherá”. – (Gálatas 6:7).

As palavras engano, enganados, enganadores, enganeis, enganam aparecem nas escrituras sagradas mais de 166 vezes. São advertências para que não cometamos erros, pois esses erros certamente trarão consequências, quer aqui na vida terrena ou na vida eterna.

Mas como diz o título “E Se Eu Estiver Errado?”.

Primeiro, nunca esteja sozinho em suas decisões mais importantes. Busque conselho de pessoas cuja vida, experiência, frutos, respaldem suas palavras. É na multidão dos conselheiros que se encontra a sabedoria.

Cuidado com os que dizem “Deus me falou...” mas isso não pode ser comprovado pelas escrituras e os ensinamentos dos apóstolos. Sejam como os judeus de Beréia que conferiam se o que Paulo dizia estava de acordo com as Escrituras.

Não tenham sua confiança em “experiências” super-espirituais que contradizem a Palavra. As experiências pessoais nunca substituem a Palavra do Senhor, por mais bela ou milagrosa que possa parecer.

Nunca tomem decisões pessoais ouvindo conselhos de quem não entenda do assunto. O fato de confiarmos em pessoas não as qualificam para emitir opiniões e conselhos do que não conhecem ou praticam. Quer saber sobre saúde, busque um médico, quer saber sobre carros, procure mecânicos, quer saber sobre família, busca casais sólidos e maduros. Ou seja, o objetivo é não errar.

 Não é humilhante admitir que não sabe, dizer que não sabe abre uma porta para o aprendizado e evitar muitos sofrimentos.

Se alguém busca tua opinião sobre algo que foge ao teu conhecimento, o melhor a fazer é encaminhar essa pessoa para alguém que saiba qual o melhor caminho. Isso é ser humilde e simples. Com isso você faz a coisa certa e ajuda a outros a não errarem.

Se errar, admita que errou e mude a estratégia, o rumo e as decisões. Admitir um erro é acerto. Se errar em comportamento, reações, respostas abruptas, impensadas e palavras ofensivas, o caminho é o arrependimento, a confissão e a restituição.

Arrependimento, além de ser o reconhecimento do erro, é a mudança de atitude quanto ao fato ocorrido.

Confissão é a declaração verbal e audível, do erro cometido. Dizer, “eu errei”, é o primeiro passo para a solução. Justificar um erro é admitir as razões por que errou, não a diminuição do seu erro.

Restituição é repor a honra, o direito, o valor, os bens, e principalmente a aceitação da disciplina que o erro exige para ser consertado.

A expressão “ninguém é perfeito” pode parecer saudável e verdadeira, porém, quando usada para “justificar” um erro é tão prejudicial quanto o erro cometido. Isso, aliás, contraria um mandamento do Senhor, “Sede vós também perfeitos assim como é perfeito o vosso Pai celestial”.- (Mateus 5:48).

Ser perfeito é ser inteiro, total, e plenamente aperfeiçoado. Isso não significa não errar, mas se errar, corrigir o erro e continuar crescendo ou avançando. Perfeito também quer dizer: Feito da maneira certa ou bem-feito.

Paulo disse, “não que eu tenha atingido a perfeição, mas prossigo para o alvo da soberana vocação”. Isso está “perfeito”! Tudo o que fizermos, façamos bem, façamos bem-feito. Uma criança recém-nascida pode ser considerada “perfeita”, porém terá que ser “aperfeiçoada” até chegar à estatura de uma pessoa “perfeita”.

 Assim também nós como igreja, somos “aperfeiçoados” “até que todos cheguemos à medida da estatura de Cristo, a sermos homens perfeitos”. – (Ef 4:11-13).

Concluindo, cito aqui as palavras de Paulo aos Coríntios, “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus”. – (1 Coríntios 10:31). E por que digo isso? Porque a maioria dos nossos erros dizem respeito aos nossos interesses, nossas paixões carnais.

Uma das razões por que Jesus não pecou foi porque ele NUNCA quis agradar a si mesmo. Tudo o que fez foi agradar ao Pai. Questionado por seus discípulos sobre a fome, ele respondeu, “Minha comida e minha bebida é fazer a vontade daquele que me enviou e completar a Sua Obra”. – (João 4:34).

A possibilidade de erro de alguém que vive para a agradar a Deus é infinitamente menor do que alguém que vive para agradar a si mesmo. Portanto, o segredo para não errar é viver para a glória de Deus.

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#ASONE

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