IGNORAR O ISLAMISMO FARÁ COM QUE ELE DESAPAREÇA
Por: Sonia Bloomfield, Ph.D. (*)
20 de maio de 2022
Para um país que sofreu com o terrorismo islâmico e enfrenta um problema bem documentado de traficantes de drogas fazendo negócios com uma organização jihadista, o Hezbollah, o Brasil não fez muito para se proteger da disseminação da ideologia islâmica dentro de suas fronteiras. Nem seu governo nem os líderes de sua sociedade civil parecem dispostos a enfrentar a ameaça que a infiltração islâmica representa para seus cidadãos e sistema político.
Um indício de que o Brasil tem um problema com o islamismo veio em 2011, quando um convertido ao islamismo assassinou 12 crianças em idade escolar e feriu dezenas de outras no Rio de Janeiro. Outra dica veio em 2016, quando o governo brasileiro prendeu 20 apoiadores do Estado Islâmico por planejar um ataque contra a delegação israelense aos Jogos Olímpicos de Verão, aparentemente esperando uma repetição do Massacre Olímpico de 1972 em Munique.
Ambos os eventos ocorreram tendo como pano de fundo uma relação bem documentada entre as quadrilhas de traficantes brasileiras e o Hezbollah, apoiado pelo Irã. É bem sabido que o Hezbollah e outras organizações jihadistas se estabeleceram na Área da Tríplice Fronteira, onde Argentina, Brasil e Paraguai se unem, mas a ameaça de infiltração e influência islâmica se estende à economia e ao sistema político do Brasil.
Os regimes islâmicos no Oriente Médio estão de olho no Brasil e em outros países da América do Sul há décadas. Escrevendo para a Fundação de Defesa das Democracias em 2016, Emanuele Ottolenghi alertou que o Irã trabalha há anos para exportar sua revolução para o Brasil.
“Ao lado de dezenas de clérigos xiitas iranianos e libaneses, há também uma nova geração de clérigos nascidos localmente que se juntaram às suas fileiras. Os convertidos são rotineiramente enviados para Qom, com todas as despesas pagas, para frequentar seminários iranianos especialmente adaptados para falantes de espanhol e português, antes de voltarem para casa para atuar como emissários não oficiais do Irã em seus países de origem”, escreveu ele.
Não é um problema que possa ser ignorado por causa do status do Brasil como um país majoritariamente católico. O Islã se tornou cada vez mais atraente para jovens negros descontentes nas cidades do país. O interesse pelo Islã e as conversões à fé aumentaram nos anos após a transmissão em 2002 de uma série de televisão chamada “The Clone”, que retratava a fé islâmica de uma forma simpática. A novela gerou imensa curiosidade sobre o Islã, e muitas pessoas foram às mesquitas em busca de mais informações sobre a fé depois de assisti-la. A ideologia esquerdista também desempenhou um fator, em um país onde muitos jovens abraçaram o antiamericanismo nos anos após o 11 de setembro.
Em um esforço para enfrentar o problema, conversei com vários funcionários do governo brasileiro e líderes de sua sociedade civil com a intenção de estabelecer uma ONG contra-islâmica no país. Durante minhas conversas, recebi muito encorajamento verbal. As pessoas sabem que é um problema.
Mas quando as conversas chegaram ao fim, me disseram repetidamente que havia falta de fundos disponíveis para tal organização. Algo não soou verdadeiro. Estávamos falando de menos de US$ 500.000 para um projeto de dois anos. Finalmente, uma de minhas fontes compartilhou comigo que o sistema de segurança do Brasil concluiu que era melhor não “agitar a panela”.
Parte do problema é a economia. O Brasil é um dos maiores exportadores mundiais de carne halal do mundo. De acordo com a Agência Brasil, a agência de notícias oficial do país, o Brasil exportou mais de US$ 16,2 bilhões em carne halal em 2019, colocando-o acima de seu concorrente mais próximo, a Índia, que vendeu US$ 4,4 bilhões no ano.
O impacto de potenciais sanções comerciais na política brasileira ficou óbvio depois que o conservador Jair Bolsonaro derrotou o Partido dos Trabalhadores (PT), ou “Partido dos Trabalhadores” nas eleições presidenciais de 2018. Durante sua campanha, Bolsonaro prometeu transferir a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém. Foi uma promessa que ele não conseguiu cumprir por medo de ofender os países muçulmanos, com um diplomata anônimo da Turquia alertando: “A reação será dada não apenas como um país individual, mas em nome de todo o mundo muçulmano”.
Outros fatores, como divisão política, suspeita de aplicação da lei e falta de vontade de antagonizar a grande população árabe do Brasil, contribuem para uma tendência por parte das elites brasileiras de ignorar ou minimizar a ameaça de infiltração islâmica - mesmo que reconheçam o problema na Área da Tríplice Fronteira. Essa tendência foi particularmente evidente na cobertura do tiroteio de 2011 no Rio de Janeiro com policiais e jornalistas destacando o bullying sofrido pelo atirador antes do ataque e minimizando seu status de convertido ao Islã que, de acordo com um relatório, lia o Alcorão por horas a fio.
A negação do problema simplesmente não é sustentável. Os líderes brasileiros não podem mais desviar os olhos da ameaça do islamismo em seu país. Eles devem levantar e resolver o problema, quanto mais cedo melhor.
(*) Sonia Bloomfield é antropóloga sociocultural brasileira e professora titular aposentada da Universidade de Brasília. Ela mora em Washington, D.C., área onde lecionou no Campus Global da Universidade de Maryland. Sua pesquisa inclui os ambientes culturais e políticos de Israel e o Islã no Brasil. Sua experiência inclui treinamento com o Exército dos EUA como cientista social sênior do programa Human Terrain System.
Traduzido do Inglês para o Português por Filipe S.S. Gouvêa
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