22 novembro 2007

“A gratidão é a memória do coração”

Pensando bem, as pessoas geralmente não são gratas e nem são incentivadas à gratidão. É que o consciente coletivo de nossas sociedades está impregnado de ingratidão.

O volume de notícias de crimes, corrupção e desastres a que as pessoas estão diariamente expostas têm fomentado um endurecimento de seus sentimentos. Os gestos de ternura que aos milhares nos circundam passam desapercebidos quando nossas atenções estão voltadas somente para as manchetes de violência, destruição e ódio. É realmente fato que as notícias ruins se espalham velozmente. Notícias boas não repercutem com a mesma intensidade. E somos muito inclinados a responder negativamente e não positivamente aos fatos com a mesma frequência que retransmitimos notícias ruins com presteza.

Assim sendo, tornou-se mais fácil enfatizar o negativo e encontrar defeitos que reconhecer benefícios recebidos ou as qualidades das pessoas. Os defeitos que são comuns a todos nós são enfatizados porque é natural que os projetemos nos outros - identificamos nos outros o que nos é peculiar.



Ultimamente tenho sido alertado para uma lição de vida muito importante que é primeiro exercitar a misericórdia antes de emitir alguma condenação. Afinal de contas condenar é candidatar-se à condenação.

Outra tendência muito comum é a facilidade em desaprovar e censurar os outros. Nosso padrão de julgamento é excessivamente alto, especialmente para com aqueles que estão bem próximos de nós. Como não conseguimos viver um padrão de perfeição, exageradamente exigimos este padrão nos outros. Em outras palavras, como estamos todos sempre àquem do que é perfeito, compensamos nossos fracassos exigindo que os outros cumpram um padrão de perfeição que nem mesmo nós seguimos.

Assim o conselho “examinai tudo e retende o que é bom” não é praticado mesmo. Examinamos realmente tudo, mas retemos o que é ruim. Seja o ruim de uma pregação que assistimos ou de um texto que lemos de tal modo que condenamos o pregador ou o escritor pelas pouquíssimas coisas erradas que disse ou escreveu. Deveríamos reter o que é bom, mas insistimos em criticar e censurar pelo pouco ruim. Coamos um mosquito e engolimos um camelo.

Uma das mais importantes virtudes de um homem nobre é a gratidão, porque "a ingratidão é sempre uma forma de fraqueza. Nunca vi homens hábeis serem ingratos". (Goethe)

Mais que expressar atos de gratidão homens nobres os vivem como estilo de vida. Aprenderam desde cedo a valorizar e apreciar todas as coisas. Seja o cantar de um pássaro ou a chuva copiosa que cae sobre a terra sobre justos e injustos. Seja um gesto gracioso de uma criança ou a impaciência de um idoso.



Todas as coisas a seu tempo têm seu propósito. O homem de coração grato encontra motivo para louvar em toda a situação. Mesmo não sendo possível agradecer por tudo, porque existem realmente acontecimentos e coisas na vida que são impossíveis de serem apreciados, é a vontade de Deus para cada um de nós que demos graças em tudo, ou seja, em toda e qualquer situação.

Gratidão é a capacidade de reconhecer o que as pessoas fizeram de bem mesmo que em algum momento tenham feito algum mal. Portanto, definitivamente não é uma capacidade do raciocínio, mas do coração. Sim, "a gratidão é a memória do coração". (Antístenes)

Uma das tradições mais belas da cultura americana é a comemoração do Dia de Ações de Graças, feriado instituído para celebrar a colheitas do outono com comidas, festa e louvor a Deus. Foi assim observado pela primeira vez em 4 de dezembro de 1619, o dia em que um grupo de 38 ingleses colonizadores chegaram em Berkeley Hundred em Virgínia. Os “Pilgrims” de Plymouth da colônia de Massahusetts observaram-no em meio à primeira colheita em 1621.

Porém foi o Presidente Abraham Lincoln quem finalmente perpetuou este feriado no calendário oficial dos Estados Unidos, como “um dia de Ações de Graças e Louvor ao nosso beneficente Pai que habita nos céus.” Ele recomendou em seu decreto “que enquanto oferecessem a Ele as atribuíções que Lhe são devidas por tão singulares livramentos e bençãos, deveriam também, com humilde penitência pela nossa perversão nacional e desobediência, confiar em Seu terno cuidado para com todos...” (3/10/1863)

Por que não seríamos gratos a Deus? Aquele que não poupou Seu próprio Filho por amor de nós, como não nos dará com Ele todas as coisas? Verdadeiramente tem nos dado o que nunca merecemos, o que nos faz encher nosso coração de gratidão, não somente a Ele, mas para com todos aqueles que têm sido instrumentos de Sua bondade para conosco.

2 comentários:

Anônimo disse...

é amigo josimar, o que se precisa com urgencia nestes ultimos dias, este avivamento que comentas, de verdade, sem misticismo, sem sensacionalismo,mais espiritual do que emocional, que mude o interior, o carater, o antigo conhecimento, uma verdadeira mudança de vida,que tira o ser humano da posiçao de criatura para honra-lo como filho em Cristo Jesus. [continuemos...]

Unknown disse...

Olá! Entrei em seu blog por acaso (embora não acredite em acasos). Mas estava justamente pensando sobre gratidão... Que bela palavra, mas tão estranhada quando usada, sei disso porque ao dizer para alguém que serei eternamente grata, então me perguntam porque? Então uso sempre essa frase que usou: " A gratidão é a memória do coração". Tenho uma vida complicada, mas agradeço ao Criador esse aprendizado, me humanizou mais, me fez crescer... Sempre brinco que sou grata por meu pai muitas vezes me dizer "não filha", rs. Desculpe, acho que "falei" demais. Ahh se todos fossem iguais a vc (trecho da música).Lindo artigo e fique com Deus!
Mari