25 agosto 2013

Uma Homenagem a um filho e uma filha de Cisneiros!

Josimar Salum

Nunca poderíamos aceitar o sofrimento fortuito que não pode ser explicado senão pela palavra “tragédia.” E mesmo assim, a tragédia, toda tragédia, a pior de todas, a tragédia de bem perto evolve uma discussão difícil sobre o significado da existência humana.

“Quanto ao homem, os seus dias são como a relva; como a flor do campo, assim ele floresce; pois, soprando nela o vento, desaparece; e não conhecerá, daí em diante, o seu lugar” (Sl 103:15,16).

“Uma voz diz: Clama; e alguém disse: Que hei de clamar? Toda a carne é erva e toda a sua beleza como a flor do campo. Seca-se a erva, e cai a flor, soprando nela o Espírito do Senhor. Na verdade o povo é erva. Seca-se a erva, e cai a flor, porém a Palavra de nosso Deus subsiste eternamente. (Isaías 40:6-8)

Oh! Povo amado de Cisneiros! Que hemos de fazer nestes dias senão chorar a brutalidade da morte?

Partiram de entre nós não um homem e uma mulher fartos de dias e que viveram os ciclos completos da vida! Partiram fora do tempo, como frutos temporãos foram colhidos, sem a nossa autorização!

Partiram de entre nós um homem moço e uma mulher menina ainda, ávidos por diversão e alegria. Como cada um de nós... E se tivesse sido você? E se tivessse sido eu?

Partiram sem dizer adeus, nem mesmo o adeus sofrido dos que jazem enfermos em uma cama, que acendem ainda a chama da esperança pela cura, mas que vão embora vencidos pela condição comum de todos os homens, cedo ou mais tarde, um a um, eu e você, todos morreremos.

Oh! Povo solidário de Cisneiros onde meninos e meninas não entendem as respostas adultas!

Pelas suas ruas e na pracinha os jovens repetem as mesmas e variadas versões do infortúnio inexplicável.

E religiosos afoitos tentam explicar o que nem Deus quer explicar.

E os homens e as mulheres sentem a dor calada de quem quer se colocar no lugar não dos que foram, mas dos que ficaram para chorar a dor que não dói, e que cruelmente aprofunda quanto mais se pensa aquilo que desesperadamente se quer esquecer.

E os velhos suspiram afogados pela surpresa insólita daquilo que nunca deveria ter acontecido, aquilo que quando se pensava que já teriam visto tudo e experimentado tudo na vida, uma cacetada destas! Como descrever? Prefere-se pensar, deve ter vindo do inferno!

Oh! Povo amigo de Cisneiros! Quem tem coragem de perguntar onde estava Deus naquela hora que ninguém quer mencionar?

Dos Céus se ouviu uma Voz que dizia: Consolai! Consolai! Consolai o Meu povo!

Ah! O Senhor que sofreu a mais terrível das mortes, que chorou a mais terrível das separações e que sorveu até a última gota de vinagre e fel sem ter provado de seu amargo e azedume pelos lábios secos de sede de águas cristalinas! Os lábios que recusaram qualquer anestesia! E agora aqui estamos, não temos anestesia, temos o Consolo do Senhor que naquela hora, Jesus, lhe faltou!

Ah! O Senhor bradou “Está Consumado” e expirou há dois mil anos. O pecado está consumado! O Diabo e todo o inferno estão consumados! E o perdão, a salvação, a reconciliação com Deus, a redenção plena, a ressurreição dos mortos, a nova criação e toda a eternidade estão consumados! 

E o sofrimento que parece nunca acabar, também está consumado!

Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou".

Você crê? Você crê? Menino e menina de Cisneiros que já brincou de maré! 

Você crê, moço, moça, homem e mulher, que já “está consumado” e consumado está? Que a cruz foi suficiente? 

Que o Sangue do Cordeiro de Deus foi derramado uma vez por todas? Que a morte foi vencida para sempre?

Jesus bradou e rendeu o Seu espírito. E houve silêncio no céu por meia hora, mas durou como se tivessem passados pelo menos 100 anos.

“Jesus é digno de abrir o Livro e de desatar os sete selos.”

Ah! O Livro da Vida ainda está sendo escrito pelos que ficaram e que chorando, com coração doendo sem querer ser consolado, perguntam: Por que, então, Senhor?”

Ah! Os sete selos que encerram mistérios ainda não desvendados e que escondem a esperança que tal como um fio de qualquer tecelão numa noite como qualquer outra sem nenhuma razão se rompeu.

Por que se rompeu, meu Deus? Porque é tênue, finíssimo e bem fraquinho. Assim é a minha vida e a tua vida, como um fio de algodão de qualquer tecelão.

Cisneiros, Deus está no choro das meninas!

Deus está na dor inexplicável que tem um tamanho enorme de um consolo inigualável.

De onde vem este consolo, minha gente querida?

Vem das mãos feridas do Salvador Jesus que ninguém consegue ver por conta dos olhos marejados de lágrimas que não param de jorrar as águas de tristezas de quem ama!

E Jesus está dizendo, minha gente! Você pode ouvir a Sua Voz no alto do morro do Senhor José Vaz?

"Felizes os que choram, porque serão consolados!"

Como, Senhor? Como conseguiremos viver daqui para frente?

Eu sinto como que se o Senhor tivesse me dizendo: “Lembra-te de Mim, meu filho, nos dias da tua mocidade!” Vou lembrar do Senhor, Jesus, cada momento da minha vida, mesmo não sabendo se durará aqui mais um minuto ou uma vida!

Contudo, minha alma ainda triste insiste em perguntar: 

- Como passaremos ainda alguma noite em claro cantando, tocando e dançando as canções que queríamos que nos alegrassem?

"Senhor, é verdade que “um abismo chama outro abismo, ao ruído das Tuas cataratas; todas as Tuas ondas e as tuas vagas têm passado sobre mim.”

“Que cataratas são estas, Senhor? E que abismo é este que chama outro abismo? Que ondas são estas Tuas? E que vagas são estas, Senhor? Esta grande quantidade de algo que ainda não sei e que tem passado sobre mim?”

Tenho para mim que as cataratas são das águas superabundantes da Graça de Deus.

Tenho para mim que um abismo que chama pelo outro abismo são os abismos mais profundos onde o Amor de Deus, também profundíssimo, pode e alcança a qualquer um. Não há ninguém que tenha caído no mais profundo poço que o Amor de Deus não possa alcançar!

E as vagas? Ora, são as Misericórdias de Deus que não tem fim, que se renovam a cada manhã.

Sim, as mesmas misericórdias que se renovaram naquela manhã do dia que nosso Sirley e nossa Juliana não acordaram entre nós para sorrirem os seus sorrisos de sempre e para deixarem a mensagem que deixaram, agora, uma vez para sempre!

Sim, mesmo depois de mortos! Eles ainda falam, E o que falam:

- Vale a pena viver, gente, só se for confiando na Graça , no Amor e na Misericórdia de Deus.

“Contudo o Senhor mandará a Sua misericórdia de dia, e de noite a Sua canção estará comigo, uma oração ao Deus da minha vida.”

A minha canção é uma oração ao Deus que é o Meu Único Senhor, Salvador e Rei.”

Amigos e amigas! A noite está longa demais! Como está demorando amanhecer!

Não temas, mesmo assim, ainda que o choro possa durar uma noite inteira; a Alegria vem pela manhã.

Corre, Cisneiros! Corre Cisneiros, inteira!

Que ninguém fique para trás, que ninguém fique de fora!

Corra cada um, um por vez, um de cada vez, corra para os braços de Jesus, o Desejado de todas as Nações, a Alegria de toda a Terra, a Alegria de todos os homens!




Um comentário:

beto disse...

Meu coração está despedaçado, estou sem palavras, perdir duas pessoas que eu tanto amo...
Meu amor p vcs e eterno!!!

Vá em paz.