Paulo Emanuel Doro Pereira
Uma das bênçãos deste isolamento tem sido poder estudar, orar e meditar pelas madrugadas. Segundo o meu clínico geral, já poderia ser diagnosticado como notívago, aqueles que trabalham melhor pela noite, varando madrugada a dentro. Em minha idade isto é muito comum: dormir menos, levantar pela madrugada e mãos à Obra.
Nestas disciplinas estou tendo o privilégio de ser pastoreado pela equipe pastoral da Igreja Esperança, onde minha mulher e 2 filhos congregam. Como a minha igreja não está tendo atividades aos domingos, recebo a palavra através dos pastores capitaneados pelo irmão Guilherme de Carvalho.
Domingo passado ele falou sobre a língua, baseando-se em Tiago 3:1-18, texto que está inserido em uma série de reflexões sobre a sabedoria de Deus. O irmão discorreu abundantemente sobre as falas em família, entre patrões e empregados, enfim sobre o uso cotidiano da língua.
Na minha vida de ministro do evangelho tem sido uma das área com as quais tenho mais tido que lutar.
Tenho tomado algumas decisões, a partir de um sonho que tive, no qual havia sido convidado a pregar na Primeira Igreja Batista de Belo Horizonte , ocasião em que eu dizia ao auditório as seguintes palavras:
1) Quero ser como João Crisóstomo(chamado Boca de Ouro), tal a sua eloquência em condenar os pecados. Todavia não quero fazê-lo com o dedo em riste, tipo "Sou mais santo do que tu"(Isaías 65:5), que a Bíblia condena.
2) Ao profetizar a Palavra Viva(pregar) e ao ensinar, devo fazê-lo com chiclete, para proteger-me e aos ouvintes do meu hálito(que às vezes se torna pesado e a água que me dão no púlpito, não dá conta do recado. Tenho dois irmãos carnais , uma filha e uma esposa que me protegem, quando eu estou nesta condição.
3) Pretendo falar com alfinetes ou tachinhas dentro da boca,para que eu me fira antes de ferir aos outros. Há umas novelas culturais nas diversas redes de TV que apresentam vocabulário farto para palavras que doutra sorte seriam chulas, tais como os adjetivos lorpa, latacão, crápula, sacripanta, calhorda e substantivos que vieram dos africanos como bumbum(melhor que bunda), abacaxi, mandioca, farinha, azeite-de-dendê,mucamas, amas, aias, etc.
Isto também é disciplina divina. Como me especializei em Gestalt Terapia na condição de psicólogo, pensava que na época, fazer as pessoas soltarem o que estava dentro delas, produziria algum benefício, porém notei que este esvaziar-se servia apenas para ventilar os estrumes que vinham de dentro.
Existem palavras e atitudes para fazê-lo melhor e ainda cheio do Espírito Santo. Das boas coisas que aprendi na Gestalt vi o desabafo, o ensaio das palavras e não dizer as primeiras que veem (lembrem-se que o Criador, para se referir a animais impuros, usou a expressão "que não são puros", segundo os rabinos, porque Deus é elegante e não economiza palavras, como temos feito com os nossos famigerados palavrões), solilóquio (falar consigo mesmo: -"Como estás abatida, ó minh'alma", "Paulo, você ofendeu o Fulano" e o silêncio.
A palavra é de ouro e o silêncio é de prata. Se você não puder produzir ouro ou pérolas, produza prata ou bronze, que ainda têm valor espiritual e de relacionamento.
Um abraço
Do seu conservo
Ad Majorem Dei Gloriam
(Para a Maior Glória de Deus)
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