Ilustração criada por IA: Cidade de Taybeh (Efraim)
OS CRISTÃOS SÃO PERSEGUIDOS EM ISRAEL E NOS TERRITÓRIOS PALESTINOS? UMA ANÁLISE VERDADEIRA E EQUILIBRADA
Por Josimar Salum
15 de julho de 2025
A situação dos cristãos na Terra Santa — especificamente em Israel, na Cisjordânia e na Faixa de Gaza — é complexa e frequentemente mal compreendida. Acusações de perseguição, discriminação ou negligência são frequentemente feitas a partir de diferentes perspectivas ideológicas. Mas o que dizem os fatos? Os cristãos são perseguidos em Israel? E nos Territórios Palestinos? E como essas realidades se comparam?
Este artigo busca oferecer uma visão honesta, bem documentada e fundamentada biblicamente sobre a situação dos cristãos que vivem na terra que carrega a herança espiritual do Judaísmo, do Cristianismo e do Islã.
Contexto Bíblico e Histórico
Sob a perspectiva bíblica, a terra de Israel pertence ao povo judeu por aliança divina:
“A ti e à tua descendência darei a terra em que estás morando como estrangeiro, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua; e serei o seu Deus.” — Gênesis 17:8
Para os que aceitam a autoridade das Escrituras, Israel não é uma potência ocupante — é o legítimo herdeiro da terra prometida por Deus. Essa verdade fundamental nem sempre é reconhecida no direito ou na política internacional, que utilizam o termo “ocupação” para os territórios controlados por Israel após 1967. No entanto, para muitos cristãos, esse termo representa uma distorção das promessas pactuais de Deus.
Cristãos em Israel: Direitos Legais e Liberdade Religiosa
Cristãos que vivem dentro das fronteiras reconhecidas do Estado de Israel — em cidades como Nazaré, Haifa, Jerusalém e Jafa — desfrutam de plenos direitos legais e liberdade religiosa. A lei garante o direito de culto, reunião, evangelismo (com algumas limitações em bairros ultraortodoxos) e o funcionamento de escolas e igrejas sem restrições.
Muitos cristãos em Israel são cidadãos com direitos civis iguais, e alguns ocupam cargos públicos como juízes, parlamentares, advogados, professores e até oficiais das Forças de Defesa de Israel (IDF). Celebrações públicas de datas cristãs como o Natal e a Páscoa são comuns em cidades com grande presença cristã, e Israel protege o acesso a locais sagrados, incluindo o Santo Sepulcro e o Monte das Bem-Aventuranças.
Embora não exista perseguição patrocinada pelo Estado, cristãos às vezes enfrentam discriminação social, especialmente por parte de grupos radicais marginais. Atos isolados de vandalismo, insultos verbais e desrespeito a símbolos cristãos ou a líderes foram relatados — particularmente em Jerusalém — cometidos por elementos extremistas da comunidade ultraortodoxa. Esses atos, embora graves, são regularmente condenados por autoridades israelenses, e ainda que a aplicação da lei possa ser por vezes inconsistente, o Estado de Israel defende os direitos legais de seus cidadãos cristãos.
Cristãos nos Territórios Palestinos: Cisjordânia e Gaza
A situação dos cristãos nos territórios administrados pela Autoridade Palestina — especialmente sob o Hamas em Gaza — é marcadamente diferente.
Em Gaza: Perseguição Clara e Documentada
Gaza, governada pelo Hamas desde 2007, tornou-se cada vez mais hostil à pequena comunidade cristã que ali residia. A população cristã caiu de cerca de 3.000 para menos de 1.000, principalmente devido à perseguição e ao medo. Cristãos têm sido alvo de assédio, ameaças, conversões forçadas, destruição de propriedades e até assassinato. Um caso amplamente divulgado foi o assassinato, em 2007, de Rami Ayyad, gerente de uma livraria cristã, morto por extremistas islâmicos.
Sob o governo do Hamas, a liberdade religiosa para os cristãos é praticamente inexistente. Evangelizar é perigoso, a educação cristã é severamente restringida e celebrações públicas como o Natal são desencorajadas ou reprimidas. Os cristãos que permanecem em Gaza vivem sob constante pressão e, muitas vezes, em silêncio.
Na Cisjordânia: Pressão Social, Ameaças Externas e Vulnerabilidade Legal
Em contraste com Gaza, a Cisjordânia (administrada pela Autoridade Palestina) apresenta uma realidade mais complexa e estratificada. Não há uma lei formal proibindo o Cristianismo, mas os cristãos ainda enfrentam pressões sociais e institucionais em comunidades majoritariamente muçulmanas. Embora existam cidades como Taybeh — também conhecida biblicamente como Efraim — onde os cristãos são maioria e mantêm tradições fortes, minorias cristãs em outras áreas frequentemente relatam roubo de terras, discriminação e hostilidade.
Um incidente particularmente violento ocorreu em 2005, quando uma multidão muçulmana atacou e incendiou casas cristãs em Taybeh, após rumores de um relacionamento inter-religioso. Embora a Autoridade Palestina tenha condenado a violência, a justiça foi lenta, e líderes cristãos continuam clamando por proteção mais eficaz.
Mais recentemente, em 7 de julho de 2025, a cidade cristã de Taybeh foi novamente alvo de violência — desta vez por colonos judeus radicais, que atearam fogo nas imediações da antiga Igreja de São Jorge e do cemitério adjacente, provocando alarme generalizado na comunidade. O governo de Israel condenou publicamente o ataque. No entanto, críticos observaram que nenhuma medida concreta de proteção foi tomada e nenhuma prisão foi efetuada. Embora Taybeh esteja localizada na Área B, sob administração civil palestina, líderes cristãos ressaltaram que Israel controla o ambiente de segurança ao redor e pediram às autoridades israelenses que impeçam novas agressões desse tipo.
Além dessas ameaças sociais e de segurança, os cristãos na Cisjordânia são afetados pelas restrições de segurança impostas por Israel, incluindo postos de controle, barreiras de fronteira e um sistema complexo de permissões. Essas medidas estão ligadas a preocupações legítimas de segurança nacional, mas ainda assim limitam a mobilidade, a estabilidade econômica e o acesso a locais sagrados em Jerusalém.
A isso se somam as dificuldades econômicas e a instabilidade política, que têm impulsionado uma tendência contínua de emigração. Muitos cristãos da Cisjordânia — geralmente bem-educados e com conexões internacionais — têm emigrado para os Estados Unidos, Canadá, América Latina e Europa em busca de segurança, liberdade religiosa e melhores oportunidades.
Como Essas Realidades Se Comparam?
Resumindo:
• Em Israel, os cristãos desfrutam de liberdade religiosa, direitos civis e proteção estatal. Embora existam casos de hostilidade, especialmente de indivíduos radicais, não há política governamental de perseguição, e os cristãos prosperam em muitos aspectos da vida pública e espiritual.
• Na Cisjordânia, os cristãos vivem um equilíbrio delicado: não são oficialmente perseguidos pela Autoridade Palestina, mas enfrentam hostilidade social em áreas muçulmanas, falta de proteção legal efetiva e, em alguns casos, violência de colonos judeus. Os controles de segurança israelenses, embora voltados à proteção nacional, complicam o acesso ao culto e à vida econômica.
• Em Gaza, os cristãos são abertamente perseguidos sob o regime do Hamas. Seus direitos religiosos são negados, sua segurança é ameaçada e sua comunidade está desaparecendo rapidamente. Trata-se de um claro e contínuo caso de opressão religiosa sob um regime islâmico radical.
Uma Palavra aos Crentes
Como seguidores de Cristo, devemos abordar esta questão com verdade e compaixão. Os cristãos em Israel estão, em geral, seguros e livres. Nos territórios palestinos — especialmente em Gaza — a situação é muito mais perigosa e instável. O rápido declínio da presença cristã na terra onde nasceu o Evangelho é alarmante e exige nossa atenção, nossa intercessão e nossa voz.
Devemos apoiar o direito de Israel existir e prosperar, reconhecendo seu papel vital na proteção de minorias religiosas, inclusive cristãos, numa região hostil. Ao mesmo tempo, precisamos defender nossos irmãos perseguidos sob regimes islâmicos e resistir às tentativas de politizar ou minimizar seu sofrimento. Nossa preocupação deve estar enraizada não em ideologias, mas na Palavra de Deus e no amor por Seu povo.
“Orai pela paz de Jerusalém:
prosperarão aqueles que te amam.”
— Salmo 122:6
#ASONE
Nenhum comentário:
Postar um comentário