27 outubro 2025

ENTRE ANJOS E ENGANOS: O LEGADO DE JOSEPH SMITH À LUZ DA VERDADE Por Josimar Salum


ENTRE ANJOS E ENGANOS: O LEGADO DE JOSEPH SMITH À LUZ DA VERDADE

Por Josimar Salum


Entre os fundamentos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias — conhecida como Igreja Mórmon — está a crença na existência de um povo chamado nefitas, cuja história teria sido registrada em placas de ouro e traduzida por Joseph Smith no século XIX. O conteúdo dessas placas compôs o Livro de Mórmon, que, segundo seus seguidores, é um “outro testamento de Jesus Cristo”.


Entretanto, quando comparada à revelação das Santas Escrituras, essa narrativa apresenta contradições doutrinárias, históricas e espirituais. A Bíblia não menciona povos israelitas que tenham migrado para as Américas, nem há qualquer vestígio arqueológico ou linguístico que confirme a existência das civilizações descritas no Livro de Mórmon.


2. A história dos nefitas segundo o Livro de Mórmon


Livro de Mórmon relata que, por volta de 600 a.C., um profeta chamado Leí, vivendo em Jerusalém, foi instruído por Deus a fugir da cidade antes de sua destruição pelos babilônios. Ele teria partido com sua família, liderada por seu filho Néfi, e após longa jornada pelo deserto, construído um navio e atravessado o oceano até chegar a uma nova “terra prometida”, identificada como o continente americano.


Seus descendentes formaram duas nações: os nefitas, seguidores fiéis de Néfi, e os lamanitas, descendentes de seu irmão rebelde, Lamã. As duas nações travaram guerras durante séculos. O livro afirma que, após Sua ressurreição, Jesus Cristo apareceu nas Américas, pregando aos nefitas e estabelecendo Sua Igreja entre eles.


Por volta do ano 400 d.C., os nefitas foram completamente destruídos pelos lamanitas. O último sobrevivente, Morôni, teria escondido as placas de ouro com o registro de seu povo. Mais de mil anos depois, o mesmo Morôni — já como anjo — teria aparecido a Joseph Smith, revelando o local das placas e ordenando sua tradução.


3. A revelação bíblica


Bíblia apresenta um relato totalmente distinto. A revelação de Deus está centrada no povo de Israel, nas alianças divinas e na promessa cumprida em Jesus Cristo, o Filho de Deus. Toda a história bíblica acontece dentro dos limites conhecidos do mundo antigo — nunca nas Américas.


A Escritura afirma que Deus revelou Sua vontade por meio dos profetas e, por fim, falou plenamente em Seu Filho:


“Havendo Deus antigamente falado muitas vezes e de muitas maneiras aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho.” (Hebreus 1:1–2)


Além disso, a Palavra adverte contra qualquer nova mensagem que se apresente como revelação adicional:


“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos anunciamos, seja anátema.” (Gálatas 1:8)


A revelação é completa em Cristo; não há espaço para outro evangelho, outro mediador ou outro fundamento além d’Ele.


4. Contradições essenciais


Livro de Mórmon introduz uma narrativa paralela que contradiz princípios fundamentais das Escrituras. Ele afirma que o evangelho foi perdido e precisou ser restaurado por Joseph Smith, mas o próprio Jesus prometeu que Sua Igreja jamais seria destruída:


“Edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” (Mateus 16:18)


O livro apresenta Morôni, um homem transformado em anjo, enquanto a Bíblia ensina que os anjos são seres espirituais criados por Deus e não seres humanos glorificados (Hebreus 1:14).

Ele descreve povos israelitas nas Américas, enquanto a Bíblia não contém qualquer menção a isso, nem a história, a arqueologia ou a genética confirmam essa migração.


Livro de Mórmon também ensina que a salvação é alcançada pela obediência a mandamentos e ritos específicos, enquanto a Escritura revela que a salvação é dom gratuito de Deus, recebido pela fé em Jesus Cristo:


“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós, é dom de Deus.” (Efésios 2:8)


5. A ausência de evidências


Nenhuma descoberta arqueológica ou linguística sustenta o relato do Livro de Mórmon.

Não há ruínas, inscrições, moedas, templos, cidades, ou artefatos que comprovem a existência dos povos nefitas ou lamanitas. As línguas indígenas das Américas não possuem qualquer relação com o hebraico ou o egípcio — línguas que, segundo o livro, eram faladas pelos nefitas.


Além disso, estudos genéticos mostram que os povos nativos americanos descendem de populações asiáticas, não do Oriente Médio.

Portanto, o Livro de Mórmon carece de respaldo histórico, permanecendo como uma obra religiosa recente, criada em um contexto cultural do século XIX.


6. Morôni e o discernimento espiritual


Os Santos dos Últimos Dias afirmam que o anjo Morôni foi um mensageiro divino. Contudo, as Escrituras alertam sobre a atuação de espíritos enganadores que podem se disfarçar de anjos de luz. O apóstolo Paulo advertiu:


“E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz.” (2 Coríntios 11:14)


Toda revelação deve ser provada pela Palavra de Deus. Se o que é ensinado contradiz as Escrituras, não procede de Deus. O testemunho verdadeiro do Espírito Santo confirma o que está revelado na Palavra, não o que a contradiz.


7. A suficiência da revelação


A mensagem da Bíblia é completa. O Senhor já falou, e Sua Palavra permanece para sempre. O evangelho de Jesus Cristo não precisa ser restaurado, pois nunca foi perdido. O Espírito Santo é quem guia o povo de Deus em toda a verdade (João 16:13), e o Filho é o único fundamento da fé (1 Coríntios 3:11).


A revelação que veio por meio de Jesus e dos apóstolos é suficiente para a salvação, para a santidade e para o conhecimento de Deus. Nenhuma nova doutrina, nenhum novo livro ou profeta pode acrescentar ou modificar o que foi dito.


8. Considerações finais


povo nefita, como descrito no Livro de Mórmon, é parte central da teologia mórmon, mas não encontra base nas Escrituras, nem em qualquer evidência histórica. A Bíblia permanece como a única revelação inspirada e preservada de Deus à humanidade.


As ideias que surgiram com Joseph Smith e o Livro de Mórmon refletem um esforço religioso humano de reinterpretar a fé, mas não correspondem ao testemunho eterno da Palavra de Deus.


Toda tentativa de acrescentar novos fundamentos à revelação já dada conduz à confusão espiritual.

Por isso, o chamado é claro: permanecer firmes na verdade revelada nas Escrituras, onde está toda a plenitude de Deus em Cristo.


“A tua palavra é a verdade.” (João 17:17)

“Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente.” (Hebreus 13:8)


9. A expansão da Igreja dos Santos dos Últimos Dias e o contraste com o testemunho das Escrituras


Desde sua fundação em 1830, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Diascresceu de um pequeno grupo nos Estados Unidos para uma organização mundial com milhões de membros, templos e missionários em dezenas de países. Sua expansão foi impulsionada por uma estrutura disciplinada, uma forte cultura de evangelismo e a crença de que Joseph Smith restaurou o evangelho “verdadeiro e completo”.


Essa mensagem atraiu muitos que buscavam uma fé com revelações novas, uma identidade comunitária sólida e uma visão de propósito espiritual e familiar. Os mórmons apresentam-se como o povo que vive o evangelho “restaurado”, com profetas modernos, templos e uma hierarquia centralizada em Salt Lake City.


Contudo, essa expansão não significa que sua doutrina esteja em harmonia com o testemunho das Santas Escrituras. A força institucional da Igreja dos Santos dos Últimos Dias não substitui a fidelidade à Palavra revelada por Deus. Enquanto o movimento se apoia em revelações contínuas e profetas vivos, as Escrituras ensinam que a revelação de Deus foi completa em Cristo e transmitida uma vez por todas aos santos (Judas 1:3).


A verdadeira Igreja — o Corpo de Cristo — não se define por templos, hierarquias ou crescimento numérico, mas pela fidelidade ao evangelho original e pela permanência na palavra do Senhor. A autoridade espiritual não vem da tradição humana, mas do Espírito Santo que confirma a verdade da Palavra.


O contraste entre o crescimento da Igreja dos Santos dos Últimos Dias e o testemunho das Escrituras revela uma diferença essencial: uma religião pode expandir-se pelo zelo humano, pela organização e pelo esforço, mas somente a Palavra viva de Deus transforma o coração e conduz à comunhão com o Pai, por meio do Filho, no poder do Espírito Santo.


Assim, mesmo diante do avanço mundial da doutrina dos nefitas e do Livro de Mórmon, o chamado de Deus permanece o mesmo: permanecer firmes na fé entregue uma vez por todas, discernindo os espíritos, examinando as doutrinas e guardando o testemunho de Jesus.


10. Conclusão Editorial


A expansão global do mormonismo representa um fenômeno religioso singular: uma fé nascida nos Estados Unidos do século XIX que alcançou todos os continentes, apresentando-se como uma restauração da verdade. No entanto, à luz das Santas Escrituras, sua mensagem não restaura o evangelho — antes, o substitui por uma versão humana, moldada por revelações tardias e por um sistema doutrinário que nega a suficiência da obra de Cristo e da Palavra de Deus.


O impacto cultural do movimento é notável, mas sua força organizacional não pode ser confundida com a presença do Espírito de Deus. A Igreja de Jesus Cristo não é edificada sobre novas visões, nem sobre supostos anjos ou novas escrituras, mas sobre o fundamento eterno de Cristo, o Filho de Deus, que falou de uma vez por todas por meio do evangelho.


Em um tempo em que muitos buscam experiências espirituais novas, o chamado do Senhor continua sendo o mesmo: voltar à Palavra. É nela que encontramos a verdade, a graça e a salvação; é nela que conhecemos o Deus vivo e eterno, o único que pode transformar o coração humano e conduzir o homem à comunhão com o Pai.


Toda doutrina, instituição ou revelação deve ser medida por esse padrão imutável:

Livro de Mórmon pode ter influenciado culturas e moldado sociedades, mas apenas as Escrituras inspiradas têm o poder de dar vida, regenerar e libertar o ser humano da mentira e do engano.

O testemunho eterno permanece:


“A tua palavra, Senhor, para sempre está firmada nos céus.” (Salmo 119:89)


E, diante de toda nova doutrina que surge no mundo, a resposta permanece inalterada:


“A tua palavra é lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho.” (Salmo 119:105)


Assim termina este testemunho — não de um novo evangelho, mas do mesmo Evangelho eterno do Reino, revelado em Jesus Cristo, o Senhor de todos.

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