01 março 2013

Covardia ou coragem?

Josimar Salum

Chorei muito enquanto assistia com minha esposa o filme “Lincoln” de Steve Spielberg, especialmente quanto ao sofrimento de milhões de africanos e afro-americanos. E ao pensar que mesmo depois da emancipação continuaram sofrendo por muitos e muitos anos vítimas do preconceito racial. Nem todo o perdão e reconciliação entre brancos e negros podem apagar todo o sangue que foi derramado. Só Deus para ter misericórdia e curar de vez esta mancha gigantesca de injustiça da história dos Estados Unidos.


Chorei ainda pela coragem de Abraham Lincoln, que inspirado na Bíblia que lia, levantou-se como farol de esperança e liberdade, e mesmo depois de apagado pela covardia dos racistas do Sul ainda hoje inspira milhões.

Em Inglês a palavra “cowardice” é definida como “falta de coragem ou resolução" enquanto que em Português “covardia” é definida também como “pusilanimidade, fraqueza, medo, frouxidão ou poltroneria.”

Todo os covardes com pequenas variações são pessoas sem firmeza, sem determinação e sem coragem, possuídas de vulnerabilidade moral e via de regra desleais e traiçoeiras.


Ao termo “coragem” em nossa língua não faltam sinônimos:  

“Valor, destemor, ânimo, intrepidez, bravura, denodo, afoiteza, arrojo, atrevimento, audácia, desembaraço, ousadia, valentia, força ou energia moral, desenvoltura e firmeza inabalável que leva o corajoso afrontar os perigos no meio deles.”

A palavra temeridade é também sinônima de coragem, mas presunçosa. Porque “o valor que não tem por fundamento a prudência chama-se temeridade, e as façanhas dos temerários devem atribuir-se mais à sorte do que à coragem.” (Miguel de Cervantes, escritor espanhol, autor da novela clássica “Don Quixote”)

“Todo ignorante é ousado”, porque a falta de conhecimento proporciona-lhe um ânimo incomum. Não é comum àqueles que sabendo de todas as coisas relacionadas as suas decisões e “os prós e contras” da empreitada não se arriscam muitas vezes por prudência ou por covardia mesmo a pessoa não avança.

Todo imigrante ao sair de sua terra demonstra muita coragem, porque vivia amparado mesmo em face de grandes necessidades pela comodidade, segurança de estar sempre no meio do conhecido e pelo senso de estabilidade, de lar, de aconchego e de proteção.

Não conheço nenhum imigrante que ao prosseguir com os planos de sua viagem não tenha sofrido alguma oposição de alguém com argumentos pela desistência de sua jornada, e assim, não tenha precisado de uma dose extra de coragem para vencer os medos, os fantasmas e as incertezas do futuro.


Na Bíblia encontrei este texto: “Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio.” 2 Timóteo 1:7

“Deilia” é a transliteração do grego koinê para “covardia” que significa timidez e reticência, cuja raiz “deilos” descreve uma pessoa que perdeu seu bom senso moral e sua fortaleza como pessoa. Refere-se ainda ao indivíduo que tem um excessivo medo de perder que o leva e o conduz e à pessoa extremamente desagradável ou chocante.

Uma pessoa assim nunca comparece para defender o interesse do seu próximo, porque seu cálculo da perda de qualquer coisa e o risco de ser rejeitada faz com que seja calada pelos outros ou por si mesma, de fato, pelo seu egoísmo, como alguém que se esconde, se omite e auto sucumbe-se no poço de sua vergonha.

O aspecto mais vergonhoso do significado de “covardia” é exatamente reticência, isto é, “a supressão ou omissão voluntária de uma coisa que poderia ou deveria ter sido dita, mas é omitida.”

Martin Luther King, mesmo depois de morto a tantos anos, ainda fala, e urge até hoje cada um de nós a desprezar uma vida reticente pela coragem e ousadia de abrir a boca e defender todos os nossos irmãos:

“Se soubesse que o mundo se desintegraria amanhã, ainda assim plantaria a minha macieira. O que me assusta não é a violência de poucos, mas a omissão de muitos.Temos aprendido a voar como os pássaros, a nadar como os peixes, mas não aprendemos a sensível arte de viver como irmãos.”'

Carecemos deste sentido de família, que vai além de nossos cônjuges, filhos, netos, familiares e parentes e que se extende aos vizinhos, conterrâneos, gente de outras nacionalidades, religiões e denominações.

Carecemos de um interesse zeloso por todas as causas de Justiça não somente aqui ao nosso redor, mas lá e além, onde quer que nossa influência possa chegar.

Encontre uma causa, é bem fácil encontrar uma, tome a sua bandeira e se embrenhe na batalha pelos direitos, especialmente, dos pobres, dos imigrantes, dos órfãos e das viúvas.

Tenha coragem, abra a boca, cidadão, e mesmo que te custe o favor de teus companheiros, combata a imoralidade da exploração do bem público em benefício próprio e a avareza destes governantes populistas corruptos.


Abre a boca, cidadão, e grite “Basta” diante da perseguição injusta impetrada pelos que detem qualquer poder, seja o econômico ou o de comunicação de massas que propagam valores falsos em detrimento de muitos. 

Abra a boca, cidadão, juntamente com os corajosos que denunciam a mentira, a injustiça, a exploração de todo o tipo, que não se vendem pelo vil metal e não temem a represália, a perda de seus bens e o afastamento dos seus queridos, porque preferem a Verdade e a Justiça acima de qualquer bem ou riqueza passageiros.

Confesso que uma repulsa brotou em minhas entranhas já algum tempo e a cada dia se avoluma contra este homem maligno chamado Ahmadinejad que vomita ódio contra os judeus e apregoa a inexistência do Holocausto que ceifou a vida de mais de 6 milhões de pessoas desde embriões nos ventres de suas mães até aquelas mais avançadas em idade.
Um torpor e uma anestesia tomaram conta da maioria dos dignatários na Assembléia das Nações Unidas e se espalhou por toda a Terra, e encontrou eco e voz em outro homem vil chamado Hugo Chavez e até naquele pobre miserável chamado Lula e seus comparsas do Brasil que apoiam o idiota racista.

Estou repugnando esse desfile de cumprimentos e tapinhas nas costas deste trio malígno.
Chega, não me calarei mais, levantarei a minha voz, escreverei minhas palavras de repúdio contra esta carnificina pisicológica!

Campo de Concentração Nazista

Denunciarei os fanáticos que pelo seu idealismo politico e pela fidelidade às suas utopias calam-se e até defendem o direito daquele assassino de obter ogivas nucleares, como se estivesse brincando quando disse que "vai riscar do mapa" a nação de Israel.

Abro a boca, porque abomino qualquer ameaça de violência, e muito mais todo genocídio e matança de vidas inocentes em nome de qualquer causa, muito menos aquela da supremacia racial.

Corrie Ten Boon - Cristã Holandesa que resgatou 
centenas de judeus no seu Lugar Secreto 

 São covardes os que pensam que podem arrancar páginas do Holocausto dos livros de História, queimar suas fotografias, apagar as películas testemunhas da matança dos judeus, e ainda que fosse possível, não há como extrair do solo desta terra os milhões de litros de sangue derramados pela crueldade inimaginável dos seres perversos liderados por Hitler, uma das maiores pragas humanas que já pisaram neste planeta.

Dietrich Bonhoeffer - Pastor assassinado por Hitler
Lidér da resistência contra o Nazismo

Seria como se pudéssemos negar a história da matança vil e covarde de nossos co-humanos africanos que foram trazidos para as Américas para serem torturados pelo trabalho escravo até a morte.

Abro a boca, porque rejeito a opressão aos palestinos, a opressão maligna dos radicais mulçumanos as suas mulheres, moças e meninas, aos que até hoje matam em dezenas de países como na China, Coréia do Norte, Vietnan, nos Países árabes como Argélia, Síria, Turquia, Egito, etc os que pregam e servem a Jesus Cristo.
  

Abro a boca para denunciar a morte pela fome de crianças em Darfur e nos campos de refugiados em toda a Àfrica quando todas as riquezas da África são exploradas por outros povos e pelos próprios africanos cheios de avareza.

Abro a boca em favor das milhares de meninas exploradas sexualmente na India, Nepal, nas Américas e em tantos outros países; pelos gays que são assassinados pelo ódio e pelo preconceito; pela perseguição de ativistas gays aos cristãos que por direito de expressão pregam contra as práticas da homossexualidade e rejeitam a agenda de seu movimento de imposição de seus “direitos” em detrimento dos outros. 

Abra também a boca, cidadão, não se cale diante da injustiça mesmo que não seja perpretada contra teus familiares e amigos.

Não pense que tua omissão vai te guardar quando mais cedo ou mais tarde alguma injustiça bater na tua porta, numa terra em que a priori não há ninguém que faça o bem, não há ninguém que entenda e não há ninguém que busque a Deus.

Onde estão os que amam a Justiça, fazem o bem, discernem os tempos e as eras e buscam a Deus por Justiça, Paz e Verdade?

Sempre me lembro das palavras do poeta e dramaturgo alemão Bertold Brecht (1898-1956):
“Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei.

No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar..”


E recordo ainda de Maiakovski (1893-1930), poeta russo que se suicidou após a revolução de Lenin, ainda no início do século XX escreveu:

“Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim. E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão. E não dizemos nada.

Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. 

E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada.”

“Primeiro levaram os negros Mas não me importei com isso Eu não era negro. 
Em seguida levaram alguns operários Mas não me importei com isso Eu também não era operário.

Depois prenderam os miseráveis Mas não me importei com isso Porque eu não sou miserável

Depois agarraram uns desempregados Mas como tenho meu emprego Também não me importei

Agora estão me levando Mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém Ninguém se importa comigo.”

Martin Niemöller - Teólogo anti-nazista, pastor luterano

E finalmente de Martin Niemöller, 1933, símbolo da resistência aos nazistas: 

“Primeiro eles roubaram nos sinais, mas não fui eu a vítima,
Depois incendiaram os ônibus, mas eu não estava neles;
Depois fecharam ruas, onde não moro;
Fecharam então o portão do gueto, que não habito;
Em seguida arrastaram até a morte uma criança, que não era meu filho...”

Eu também pergunto: “Sim, até quando vamos ficar sem agir?”  


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