28 outubro 2019

RELIGIÃO OU RELACIONAMENTO: A ideia de um Deus gestor pessoal no mundo contemporâneo Por Julio Cesar Gomes dos Santos


RELIGIÃO OU RELACIONAMENTO
A ideia de um Deus gestor pessoal no mundo contemporâneo
Por Julio Cesar Gomes dos Santos (*)

Vivemos um tempo de modernidade em nossas relações sociais onde a cada dia nossa comunicação ficou menos pessoal e mais virtual. Usamos a internet para tudo atualmente, desde o simples controle de notas escolares de nossos filhos até investimentos financeiros mais complexos.

Com esta modernidade nas relações pessoais existe uma tendência natural de esfriamento nos relacionamentos com vínculos afetivos. Não raro as pessoas buscam um namorado ou um profissional para alguma necessidade em sua vida pessoal ou profissional nas redes sociais. A impessoalidade passou a imperar. De igual forma temos uma epidemia nas relações no telefone celular com os aplicativos modernos que tendem a aproximar quem está longe e distanciar quem está perto.

Este imediatismo social também invadiu a igreja. Confundimos o conceito de relacionamento com religiosidade. Não tem sido incomum o grande número de pessoas que estão na igreja na busca de um Deus gerente de sua vida, cujo papel principal é “resolver todos os seus problemas terrenos”.

Princípios bíblicos essenciais como pecado, eternidade, comunhão e salvação foram renegados a segundo plano. A busca agora se materializou pelo que é mensurável a curto prazo. As pessoas passaram a buscar a Deus pelo que Ele pode resolver em sua vida. A relação com Deus passou a ser tratada como uma consultoria onde Ele passa a ser o gestor pessoal de minha vida resolvendo todos os meus problemas e conflitos, como se fosse um profissional contratado para tal fim. Perdemos o conceito de causa e consequência. Deixamos de adorar a Deus pelo que Ele é e passamos a adorá-lo pelo que Ele pode fazer por mim. A relação passou a ser inteiramente interesseira com Deus. Quando tudo está mal somos assíduos no templo, quando se resolverem abandono a Igreja. 

O apostolo Paulo já alertava ao jovem Timóteo sobre a apostasia que pairava sobre a igreja. A tarefa de Timóteo na cidade de Éfeso não era pequena. Paulo o havia deixado com o cargo de corrigir "certas pessoas" que estavam promovendo erro doutrinário (1 Timóteo 1:3). Apostasia (em grego antigo απόστασις [apóstasis], "estar longe de") tem o sentido de um afastamento definitivo e deliberado de alguma coisa, uma renúncia de sua anterior fé ou doutrinação. Seria possível afirmar que a igreja contemporânea tem se apostatado da fé por uma pregação de um Deus pragmático e não um Deus a ser adorado a quem busca um relacionamento pessoal com a sua igreja.

A fé se tornou como um micro-ondas onde oramos pela manha é queremos receber a resposta o mais rápido possível. Deixamos de lado a ideia de que Deus não atrasa nem adianta, Ele responde no tempo certo.

Abandonamos a ideia de santidade pelo modismo. “E por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará” (Mateus 24:12). Todos nós obviamente pecamos e o pecado nos afasta de Deus, mas ele (o pecado) deve ser encarado como um erro de percurso e não uma vida em pecado. O arrependimento é a dor por desagradar a Deus e carece de mudança de comportamento, arrependimento e conserto.

Temos uma multidão de perdidos dentro da igreja que buscaram a religiosidade, mas ainda não tiveram uma experiencia sobrenatural com um Deus vivo que fala, que ouve que orienta e que transforma. Podemos mudar de roupa, de relacionamento, de cidade, de emprego, mas mudança de vida que traz transformação só acontece quando tomamos a decisão objetiva de nos entregar TOTALMENTE  a Deus. Ele muda, transforma, perdoa e nos dá um novo caminho.

Precisamos tomar cuidado com as mentiras do diabo, que  muitas vezes são misturadas com um pouco de verdade. Isso torna a mentira mais convincente. Se uma pessoa fala bem, com confiança e parece estar a contar a verdade, pode convencer muitas pessoas a acreditar em uma mentira, promovendo apostasia. Alguns se desvirtuam da fé buscando solução em sua vida financeira e profissional. Alguns se tornam tão pobres, tão pobres que a única coisa que conquistaram foi dinheiro, mas continuam com o coração vazio e emocionalmente destruídas. 

Precisamos urgentemente afastar de nossa vida o esfriamento espiritual que pode ser traduzido como a perda da paixão pelo Evangelho, perda do primeiro amor e distanciamento de nosso Senhor Jesus Cristo. Infelizmente as lutas do dia a dia tendem a esfriar a nossa fé, mas é exatamente nas lutas e até nas momentâneas derrotas que nosso caráter cristão de adorador é forjado.

A preocupação mais importante de uma pessoa deve ser a sua eternidade. A palavra conversão significa uma correção de percurso. A conversão é o arrependimento de nossos pecados e a consequente mudança de vida passando a andar em direção a Cristo. Essa foi a missão da cruz. Um dia todos nós pobres e ricos, orientais ou acidentais, letrados ou iletrados, todos serão chamados a prestar contas de sua vida. A eternidade como o próprio nome diz será pra sempre. 

Você este preparado para a eternidade? Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. (Romanos 6:23).

Somos chamados a refletir sobre a nossa relação com Deus. Será que realmente entregamos a nossa vida a Ele? Temos nos portado como adoradores e servos? O Senhor tem sido prioridade em nossa vida?  

A maior experiencia de uma pessoa é entender a possibilidade de ter um relacionamento íntimo com Deus. Quando isso acontece tudo muda. Não deixamos de ter lutas e dias maus, mas os problemas não mais nos desnorteiam, pois entendemos como temporários. Quando há comunhão os problemas grandes ficam pequenos, quando não há os problemas pequenos ficam grandes pois diminuímos a capacidade de entender a ação de um Deus sobrenatural.

Ser religioso é diferente de ser salvo em Cristo Jesus. A diferença básica entre religiosidade e relacionamento é que na religião cumprimos um padrão comportamental que a religião nos determina e no relacionamento abandonamos o pecado por amor imensurável a Cristo.

Reflita sobre o seu relacionamento pessoal com Cristo e faça uma mudança radical. Com Cristo, para Cristo e por Cristo.

(*) Julio Cesar Gomes dos Santos - Formado em Teologia pela FATAD-DF, Advogado, Pós Graduado em Ciências Penais pela Faculdade Milton Campos, MBA em Auditoria e Controladoria, Pós Graduando em Aconselhamento e Psicologia Pastoral, Pastor e Líder de Células em Belo Horizonte/MG.

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