07 junho 2010

Sobre o bebê que nasceu morto!

Minha querida irmã;

Somente hoje pude escrever-lhe. Mas não me esqueci de vocês, especialmente não me esqueci o que você me escreveu, suas indagações, sobre as críticas das pessoas e sobre sua angústia.

Confesso que em meu coração tenho sentido um aperto de intercessão pela sua vida e de seu esposo e também pelo seu filhinho.

Meu coração apertou também porque vocês não puderam criar o seu filhinho que com tanta expectativa aguardavam.

Penso nos preparos, nos sonhos, nas coisas mínimas, como comprar aquela roupinha, aquele detalhe de mãe que sabe que o filho está chegando e não vê o dia e meu coração aperta.

Penso ainda que realmente não posso imaginar a dor e o sofrimento que vocês passaram, especialmente, você, mãe.



Enquanto medito o que escrever, sei que somente o Senhor poderá me dar palavras que venham libertar a sua alma de qualquer angústia, confortar seu coração e quem sabe responder algumas perguntas que você tem.

Confesso que não creio que você terá todas as respostas.

Penso que misteriosamente o Senhor não nos responde tudo, que existem sempre mais perguntas que possamos fazer que respostas que Ele queira nos dar, pelo menos por agora.

Não é o caso seu como Abraão. Quero dizer, que Deus não pediu seu filho para Si antes de você receber a notícia de que ele não viria contigo para casa.

Gênesis 22

v. 2 "Prosseguiu Deus: Toma agora teu filho; o teu único filho, Isaque, a quem amas; vai ã terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre um dos montes que te hei de mostrar."

7 "Então disse Isaque a Abraão, seu pai: Meu pai! Respondeu Abraão: Eis-me aqui, meu filho! Perguntou-lhe Isaque: Eis o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?



12Então disse o anjo: Não estendas a mão sobre o menino, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, visto que não me negaste teu filho, o teu único filho.
13Nisso levantou Abraão os olhos e olhou, e eis atrás de si um carneiro embaraçado pelos chifres no mato; e foi Abraão, tomou o carneiro e o ofereceu em holocausto em lugar de seu filho.

14Pelo que chamou Abraão aquele lugar Yaweh-Jiré; donde se diz até o dia de hoje: No monte do Senhor se proverá.

15Então o anjo do Senhor bradou a Abraão pela segunda vez desde o céu,

16e disse: Por mim mesmo jurei, diz o Senhor, porquanto fizeste isto, e não me negaste teu filho, o teu único filho,

17que deveras te abençoarei, e grandemente multiplicarei a tua descendência, como as estrelas do céu e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos;

Abraão recobrou seu filho. Ele sabia antes (porque creu) que mesmo que sacrificasse seu filho Deus poderia ressucitá-lo e o ressucitaria. É isto que diz em Hebreus cap. 11.

Mas no seu caso seu filho não voltou contigo para casa. Ele dormiu. Não é assim que a Palavra diz sobre aqueles que morrem em Cristo?



Em seu coração você o queria para si. Claro! Como hoje mesmo olhava para meu neto Nathan. Que alegria! Por mais que que saiba que estaria melhor com o Senhor quero poder vê-lo crescer e gozar de sua presença entre nós. Quero viver e viver muitos anos para poder vê-lo casar, ter seus filhos e ver seus netos

Mas seu filhinho não voltou para casa.

A pergunta que pensava em fazer agora não terá sentido se fizer porque afinal de contas o Senhor já proveu para si um cordeiro e ninguém precisa mais morrer. Seu filho não precisava morrer. Assim vemos com nossos olhos finitos. Não é mesmo?

Não oferecemos filhos em sacrifícios, porque Jesus é o Sacrifício Perfeito e já foi aceito pelo Pai.

Mas precisamos renunciar tudo quanto temos por amor a Jesus. Pais, irmãos, marido, esposa, amigos, tudo, inclusive um filho.

Em seu coração, minha irmã, tu tens que renunciar seu filhinho. Para o Senhor!

Mas isto também não faz sentido. Por que renunciar agora se ele já foi para o Senhor? O que adiantaria?

"Renunciar para quê? Se não pude ver seu umbigo cair? Não pude amamentá-lo. Não pude trocar suas fraldas. Não pude acordar de noite com seu choro..."

E por ai teus pensamentos podem e quem sabe já sondaram tudo isto. Nesta coisa maravilhosa de mãe e filho relacionarem-se como ninguém.

Minha irmã, você é livre no Senhor para pensar o que quiser, perguntar o que quiser, reclamar o que quiser, pensar o que quiser.

Contudo, mInha irmã, é preciso crer que Deus sabe o que faz. Simplesmente. Sem querer inventar razões para justificar ou tentar explicar o por quê que isto aconteceu. Foi um relâmpago! Foi um susto? Foi isto? Foi aquilo?

Você não sabe. Seu esposo não sabe. Eu não sei. Ninguém sabe.

Deus, Teu Pai: Ele sabe.

Uma coisa eu sei. Eu sei o que estou falando, não obstante jamais tenha experimentado tua dor. Sei que Deus sabe e dirige meus passos e controla todos os meus queridos e toda a minha vida.

Sei que nas noites mais sombrias da vida, que nos momentos de desespero e até desespero da vida. Em meio as dúvidas do inferno sobre minha mente o que aquietou a minha alma foi confiar e descansar no fato inquestionável e na Verdade inabalável de que o meu Senhor Jesus sabe o que é melhor para mim.

Sei que ainda que tudo se esmoreça, que tudo se dissipe e que nem razão eu tenha para poder continuar pensando e vivendo, eu sei que Ele guia os meus passos para que não me desvie de Seus caminhos.

Salmos 44

17Tudo isto nos sobreveio; todavia não nos esquecemos de ti, nem nos houvemos falsamente contra o teu pacto.

18O nosso coração não voltou atrás, nem os nossos passos se desviaram das tuas veredas,

Minha irmã, é nesta certeza que você está de pé. É nesta verdade que você, seu esposo e seu filhinho permanecerão na presença dAquele que tudo sabe, que tudo vê, que tudo consola, que tudo provê, que decidiu ter para si só o bebê que você pensou que poderia ficar com ele por um pouco de tempo.

Seu amigo e irmão mais velho

Josimar Salum Gouvêa


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Pastor Josimar:

Fiquei muito mais aliviada com seu e-mail, pois estava me culpando por omissão, pois pensava que eu poderia ter feito algo mesmo sabendo que a vontade de Deus é maior e melhor que a minha. Na realidade eu pensava assim:

- Ninguém é culpado de nada.Mas faltava alguém que me disesse como o senhor o fez para ter certeza.

Talvez Deus ainda tenha reservado um outro bebê para mim(tenho esta esperança),pois Ele(Deus) tem me confortado muito e incrivelmente me enchido com sua PAZ que excede a todo o entendimento. É claro que existem dias e dias mas num total tenho estado menos angustiada,pois agora tenho esta certeza: Não tivemos culpa.

Não pense que eu não tentei, abracei minha barriga e clamei com toda a minha fé e até na sala de cirurgia eu tive esperanças,mas infelizmente a minha vontade não é nada diante da soberania de Deus.

Mas Ele me guardou , pois de acordo com os médicos o bebê já estava morto há 4 dias e poderia ter tido muitas complicações,mas Ele me devolveu com vida para ver meu Davi. Eu sou grata a Ele e nele esperarei com confiança.

Obrigada.

Sua irmã mais nova.

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