17 junho 2011

Os templos dos homens e as moradas de Deus

Josimar Salum

Cada um de nós sempre começa com o pouco, com coisas pequenas, até mesmo as insignificantes.

Começamos um dia com pequenos passos, poucas palavras. De fato, ao aprendermos a andar e a falar, antes engatinhamos primeiro por alguns dias e primeiro balbuciamos algumas palavras erradas.


Amo sementes. Desde tenra idade sempre amei as sementes. Já passei dos 40 anos de idade. Contemplo hoje árvores gigantescas que cresceram de pequenas sementes que um dia segurei em minhas mãos com muito cuidado. E as plantei. Uma pequena semente, um pequeno começo. Uma pequena semente, hoje uma árvore frutífera.

Tão diferente é uma árvore de uma casa, de um prédio. Plantamos uma semente, Deus dá o crescimento à planta. Naturalmente ela cresce. Atinge a vida adulta. Se frutífera, produz frutos ano após ano, na estação certa.

Um prédio é construído, o máximo que se consegue nele depois é acrescentar “puchados” ao original. Prédios não crescem e nem frutificam.

O anjo do Senhor disse ao profeta Zacarias sobre a reconstrução do templo, uma obra praticamente impossível de ser realizada naqueles dias. Este templo apontava para algo muito mais grandioso que Deus estava para fazer em toda a Terra. A Glória da primeira casa estava limitada ao que era templo, um prédio estátivo, sem vida. A Glória da segunda casa não teria limites. O Templo aumentaria e se expandiria na medida de seu crescimento. O de Zorobabel seria construído apenas de pedras, o segundo seria construído de pedras também, mas de pedras vivas.  

A primeira pedra do templo colocada no lugar nas mãos de Zorobabel era a principal. Nas mãos de qualquer outro seria apenas uma pedra, porém nas mãos do construtor era a pedra principal.

"Pois aqueles que desprezaram o dia das pequenas coisas terão grande alegria ao verem a pedra principal nas mãos de Zorobabel". Então ele me disse: "Estas sete lâmpadas são os olhos do SENHOR, que sondam toda a terra". (Zacarias 4:10)

Os homens reconstruiram o templo localizado em um lugar.

O Senhor sondava toda a Terra em busca de adoradores que o adorassem em Espírito e em Verdade, em qualquer lugar a qualquer momento.

Os homens queriam construir uma morada para Deus. O Senhor buscava moradas por todos os cantos para que todos juntos em toda a terrra se tornassem a Morada DEle como planejou antes da fundação do mundo.

Deus buscava adoradores que embora não tivessem visto, ouviram o véu do templo rasgar-se de alto à baixo com o brado de “está consumado” do Filho de Deus na Cruz.

“O mais importante do que estamos tratando é que temos um Sumo Sacerdote como esse, o qual se assentou à direita do trono da Majestade nos céus e serve no santuário, no verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, e não o homem.”
(Hebreus 8:2)

A grandeza das pessoas, a riqueza de outras, a magnificência e o sucesso de algumas outras parecem ofuscar muita gente boa que trabalha duro por grandeza, riqueza, prosperidade e sucesso, por acreditarem em um ensino falso de que só têm o selo da aprovação de Deus quem as ostentam.

Porém o Espírito Santo aponta outra direção muito diferente:

“Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular (pedra principal), no qual todo o edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário santo no Senhor. NEle vocês também estão sendo edificados juntos, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito.” (Ef. 2:19-22)

Em Jesus os membros da família de Deus estão sendo edificados juntos. Sim, juntos. Não há lugar na família de Deus para histórias individualistas de sucesso, de narrações solitárias, de progressos à custa dos outros, de apresentações pessoais e de testemunhos ocidentais de prosperidade que não conseguem ser sustentados em outras regiões do planeta.

A importância que damos às coisas que acontecem no meio evangélico hoje difere muito do que o Espírito Santo ressalta em Sua Palavra.

Porque ainda somos estrangeiros uns para com os outros e não concidadãos dos santos.

Nossas tribos, denominações, confissões de fé, tradições, fôrmas e formas fazem com que não percebamos que somos membros da família de Deus, nosso Pai, se de fato somos filhos de Deus.

Aqueles que não se encaixam em nossas estruturas mentais são alienados de nosso convívio. E são execrados em nossas conversações frívolas e não pouco edificantes que se parecem mais com rodas de conversas de homens de negócios ímpios.

Nossa visão pobre de membros de nossas igrejas, de ovelhas de apriscos pequenos, de pastores que nos pastoreiam alienam também a nós mesmos de sorte que não compartilhamos a comunhão dos diferentes mesmo que sejam eles e elas filhos e filhas de Deus.

Esforçamo-nos para conviver apenas com os iguais numa tentativa frustrada que acaba descobrindo mais dia menos dia que não somos definitivamente iguais.

A visão do nosso edifício, do nosso prédio, da nossa igreja (referindo-se ao templo) é míope e ao mesmo tempo hiper-atrofiada. Não vemos o Edifício, vemos o edifício. Não vemos as pedras vivas, vemos as salas e prezamos pelo conforto que possam oferecer as nossas famílias.

Escolhemos prédios e não pessoas com as quais possamos conviver e compartilhar “na perseverança da doutrina dos apóstolos, no partir do pão, na comunhão e nas orações.”

Pois somos apenas frequentadores de templos, assistentes de serviços religiosos de culto. Pagamos sacerdotes como no tempo dos Juízes para fazer o que deveríamos fazer.

Não somos o Templo, somos os peregrinos do templo e meros ofertantes. Oferecemos sacrifícios, um após outro, pois desprezamos Aquele sacrifício que foi oferecido uma vez por todas, para que pudéssemos ir diretamente ao Trono de Graça.

Ofertamos no altar, o determinado pelos homens.

Rejeitamos o Altar da Cruz, onde Cristo se ofereceu uma única vez, para sempre.

Somos membros da igreja (de nossa igreja), e não individualmente membros uns dos outros na cidade onde residimos.

O que diz a Palavra? Por que rejeitar a Palavra? Não se trata de fechar o templo, ignorar o local de reunião, de fechar as portas, de apagar as luzes. Não é templo o que chamamos de templo nem igreja o que chamamos de igreja.

Nós somos a Igreja, o Templo.

Por que é difícil compreender e praticar isto? Falar sobre isto? Mudar nossas palavras para refletir a Verdade!

“À medida que se aproximam dEle, a Pedra Viva - rejeitada pelos homens, mas escolhida por Deus e preciosa para Ele - vocês também estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de uma casa espiritual para serem sacerdócio santo, oferecendo sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo.

Pois assim é dito na Escritura: "Eis que ponho em Sião uma pedra angular, escolhida e preciosa, e aquele que nela confia jamais será envergonhado"

Portanto, para vocês, os que crêem, esta pedra é preciosa; mas para os que não crêem, "a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular" e, "pedra de tropeço e rocha que faz cair".

Os que não crêem tropeçam, porque desobedecem à mensagem; para o que também foram destinados.

Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real (reis e sacerdotes), nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.

Antes vocês nem sequer eram povo, mas agora são povo de Deus; não haviam recebido misericórdia, mas agora a receberam.” (I Pedro 2:4-10)

Sim, infelizmente, por todos os lados, os que não crêem tropeçam, porque desobedecem à Mensagem!

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