Meu coração está doendo como não dói há muito tempo! Andou com Deus, este homem de Deus. Ele falava sempre e somente de Deus! Ele conhecia muito bem a Deus, de longa data, para lá de meio século!
"Pastor, veja se o senhor lembra! 'Ponha a tua boca no pó, talvez assim há esperança!' O rapazinho gritava na praça e nunca me esqueço, era profeta!" E nos últimos 35 anos sempre relembrava a mesma história, com as mesmas palavras, todas as vezes que nos encontrávamos.
E eu aproveitava sempre nossos encontros desde quando jovem o visitava, inspirado pelo seu exemplo e testemunho, pois tendo ele vivido muitos e muitos anos de lutas nunca deixou qualquer amargura visitar seu vistoso coração por mais que um dia, chocoso amava a vida e nunca lamuriava, não tinha palavras de injúria contra quem quer que fosse, enquanto alguns de seus contemporâneos lamentavam-se com o azedume de suas próprias feridas e chagas interiores. Ele, leve, livre, cheio de amor, perdoava sempre, curava-se! Assim intencionalmente me acomodava em sua simplicidade, observando sorvia sua ternura, me apequenava ante a sua humildade, me edificava!
A última vez ele sentou-se à frente, à minha esquerda, no salão em Itapirussu e como em todas as outras vezes, me ouviu atento, sereno, constante sobre o Reino. Nunca fazia acepção de pessoas, nem se fixava à aparências, firme discernia o Espírito e tocava com os olhos e a alma a Palavra.
Depois do ensino o levei em casa de carro, conversamos, desfrutando de sua presença cheia de Deus e da sabedoria que escorregava de seus lábios, eu mais ouvia que falava. Era assim quando conversávamos. Que respeito! Diante de sua companhia com reverência e temor me comportava!
Pois bem! Ele acordou hoje cedo e disse: Vou caminhar com Jesus na nova Terra! E o Pai, saiu com Ele pela estrada real da entrega absoluta e não mais os vimos juntos!! Até aquele dia!
Houve um homem dentre os poucos que caminharam nas ruas desta Itapirussu de Deus; era Profeta, Sacerdote e Rei! Eu era apenas o rapazinho da história que este homem repetia. Quanta bondade expressava pelo reconhecimento da mensagem e do mensageiro, para ele foi um marco e uma marca, e fazia referência sem nenhum sinal de elevar ou honrar o pregador. Ele sabia como ninguém que o que é elevado diante dos homens perante Deus é abominação. A menção de sua memória não indicava absolutamente nada de especial no adolescente, senão de ter sido uma Voz naquele dia, naquela praça! Eu cresci e me tornei homem carregado pelas suas orações! Irmão José Cassiano andou com Deus e ainda anda! Vez em quando os dois param para dançar, todas as vezes que retornam à praça!
“Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos céus é tomado à força, e os que usam de força se apoderam dele. Pois todos os Profetas e a Lei profetizaram até João. E se vocês quiserem aceitar, este é o Elias que havia de vir.
“A que posso comparar esta geração? São como crianças que ficam sentadas nas praças e gritam umas às outras: “ ‘Nós tocamos flauta, mas vocês não dançaram; cantamos um lamento, mas vocês não se entristeceram’. Pois veio João, que jejua e não bebe vinho, e dizem: ‘Ele tem demônio’. Veio o Filho do homem comendo e bebendo vinho e dizem: ‘Aí está um comilão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores’. Mas a sabedoria é comprovada pelas obras que a acompanham”. Mateus 11:12-14, 16-19
21 de Dezembro de 2015
Inverno Nova Inglaterra EUA
Josimar Salum Gouvea
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